louro com miolo

Tudo interessa....

30 setembro, 2004

Resumo da Quinzena

Por várias razões, não consegui escrever nesta quinzena que passou, muito embora não tenham faltado motivos: o arrastão do Leblon, A Supremacia Bourne, minha operação nos rins, o trabalho do Alberto (a verdadeira roda viva cultural!!!), o trabalho, às vezes fica difícil separar o tempo que é preciso para escrever com atenção no blog.

Vou tentar ir por partes!!!

15 setembro, 2004

Bicicletas ao alcance da mão

Esta é a cópia da carta que enviei para o jornal O Globo, não publicada. Na quarta-feira, dia 14/09, o Xexéo também tocou no assunto, é claro que com mais brilho e style. Mas que está duro de aguentar estas "toridades", ah!, isto está meeeeesmo!!!
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A reportagem hoje, dia 13/09/04, de O Globo, sobre o roubo e uso das bicicletas para assaltos, tem um daqueles momentos brilhantes, que enaltecem os responsáveis por nossa segurança e nos fazem acreditar, a cada dia mais, nas nossas forças policiais (isto é sarcasmo, por favor!!) e nos fazem pensar se nosso secretário municipal de urbanismo, Alfredo Sirkis, é o mesmo Alfredo Sirkis de anos passados, quando parecia pensar.
O conselho dele aos ciclistas: comprar trancas inteiriças de metal para substituir os cabos de aço. Depois, a lapidar declaração:
"-Em Amsterdã, onde 35% da população se locomove em bicicletas, os índices de furtos são altíssimos. E olha que a maioria dos holandeses usa bikes do tipo "camelo", simples e sem marcha. Os cariocas gostam de se exibir com mountain bikes de 27 marchas, que acabam atraindo os ladrões".
Só resta pensar que é realmente um descalabro divino que ignorância e descaso, quando exibidos, não atraiam ladrões de nenhum tipo.Analisando a frase, ainda que superficialmente,
o que resta a nós, pobres cariocas (nativos ou por adoção): nos comportarmos como holandeses, ainda que apenas no aspecto ciclístico? ou então deixarmos de nos comportar como ensandecidas odaliscas em duas rodas, buscando as atenções amorais, já que tão provocadas, de nossos bravos assaltantes locais?

A tolerância, no dizer de Lévy-Strauss, é uma perpétua vitória sobre si próprio, que coloca o tolerante em crise permanente, gerando uma situação paradoxal de ansiedade e complacência.
O carioca, pelo menos este carioca, não pretende continuar tolerante com políticos que, em busca de se perpetuar nas benesses e sinecuras a eles oferecidas em nome desta ansiedade e por esta complacência, desacreditam do poder de articulação e da inteligência de seus (ex) eleitores.

Às urnas, cariocas!! No pasarán!!

Manoel Artur da Silva
martur@infolink.com.br
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14 setembro, 2004

7 de setembro

Um dia maravilhoso, ótimo para passear e olhar em volta, na cidade do Rio de Janeiro.Vendo as notícias sobre o desfile e vendo o Presidente Luis Inácio no palanque, lembrei-me imediatamente dos meus tempos de colégio, quando o máximo era fazer parte do bloco das bicicletas. Os semblantes orgulhosos e ao mesmo tempo soberbos pela posição na "alta hierarquia" do desfile (pelo menos na hierarquia dos adolescentes da época!!), a posição empertigada, tudo isto se mostrava na figura do Presidente. Não teria sido melhor dar uma bicicleta para o Luis Inácio "Posando" da Silva dirigir?A frase do Millor Fernandes (ouvi dizer que ele vai voltar à VEJA!!!): "Qual o problema dele beber, já que não dirige nada mesmo??!!" é mais uma para ficar na história!

Um Poema (ou é outro?)

Os poetas são antenados mesmo, no sentido de que captam tudo que acontece e acontecerá neste mundo e em outros que talvez existam. Escrito nos anos 10(1910's), este poema de D.H. Lawrence 'pressupõe um rompimento dramático com quase tudo que a cultura recente admite ser verdade'. Ouvindo o que acontece na Rússia, Israel, Palestina, África subsaariana, é de se pensar: onde estão as pessoas como esta?

Peace and War

People always make war when they say they love peace.
The loud love of peace makes one quiver more than any battlecry.
Why should one love peace?it is so obviously vile to make war.

Loud peace propaganda makes war seem imminent.
It is a form of war, even, self-assertion and being wise for other people.
Let people be wise for themselves. And anyhow
nobody can be wise except on rare occasions, like getting married or dying.
It's bad taste to be wise all the time, like being at a perpetual funeral.
For everyday use, give me somebody whimsical, with not too much purpose in life,
then we shan't have war, and we needn't talk about peace.

Ao trabalho!! Não colocarei a tradução de Leonardo Fróes, na edição bilíngue da Alhambra, de 1985.


Notícias! Puxa Vida!!!

A reportagem hoje, dia 13/09/04, de O Globo, sobre o roubo e uso das bicicletas para assaltos, tem um daqueles momentos brilhantes, que enaltecem os responsáveis por nossa segurança e nos fazem acreditar, a cada dia mais, nas nossas forças policiais (isto é sarcasmo, por favor!!) e nos fazem pensar se nosso secretário municipal de urbanismo, Alfredo Sirkis, é o mesmo Alfredo Sirkis de anos passados, quando parecia pensar.
O conselho dele aos ciclistas: comprar trancas inteiriças de metal para substituir os cabos de aço. Depois, a lapidar declaração:
"-Em Amsterdã, onde 35% da população se locomove em bicicletas, os índices de furtos são altíssimos. E olha que a maioria dos holandeses usa bikes do tipo "camelo", simples e sem marcha. Os cariocas gostam de se exibir com mountain bikes de 27 marchas, que acabam atraindo os ladrões".
Só resta pensar que é realmente um descalabro divino que ignorância e descaso, quando exibidos, não atraiam ladrões de nenhum tipo.Analisando a frase, ainda que superficialmente,
o que resta a nós, pobres cariocas (nativos ou por adoção): nos comportarmos como holandeses, ainda que apenas no aspecto ciclístico? ou então deixarmos de nos comportar como ensandecidas odaliscas em duas rodas, buscando as atenções amorais, já que tão provocadas, de nossos bravos assaltantes locais?

A tolerância, no dizer de Lévy-Strauss, é uma perpétua vitória sobre si próprio, que coloca o tolerante em crise permanente, gerando uma situação paradoxal de ansiedade e complacência.
O carioca, pelo menos este carioca, não pretende continuar tolerante com políticos que, em busca de se perpetuar nas benesses e sinecuras a eles oferecidas em nome desta ansiedade e por esta complacência, desacreditam do poder de articulação e da inteligência de seus (ex) eleitores.

Às urnas, cariocas!! No pasarán!!

Um Conto

Teresa postou este como como comentário, mas acho que deve estar aqui, então está:

"stela said...

um conto para o loiro Pediram-me para escrever um conto. Escrevi. Disseram-me, depois de lido que não era um conto e sim uma descrição. _ Então, Não é um conto?_ Não é, não, senhora!Olhei para os lados, me ajeitei na cadeira de sala de aula. Peguei novamente uma nova folha de papel e um lápis com a ponta bem afiada. E recomecei a escrever.Era uma tarde de sol, quando ela percebeu que o abandono maternal tinha lhe deixado uma cicatriz na alma, maior que todo aquele oceano azul que ela avistava da sua janela, com o pão de açúcar servindo de moldura.Parentesco elas tinham e um parentesco muito próximo, como já escrevi: mãe e filha. A mãe que tinha medo de sê-lo. Qualquer aproximação de pele maior era visto como uma ameaça, como percebi muito bem pela filha, quando tentava beija-la. O rosto era sempre levemente desviado para que os seus lábios, de filha, não tocassem o seu rosto, de mãe, mas apenas que seu rosto, de filha, tocasse seu rosto de mãe, levemente. Os anos se passaram mas, a dor que sentia no meio da alma pelo abandono, pela crítica intermitente, com uma parcela de desprezo, aumentou de tal forma, que a paralisou.Passava ás tardes olhando pela janela, através das grades, o imenso oceano.Nada aplacava o seu ser de ter sido abandonado, tanta alegria, ter sido sufocada. A verdade tinha sido revelada, através de um divã de psicanalista, que depois de alguns minutos, lhe mostrou a porta de saída, que não era a mesma da que entrada. Instante depois estava na rua, que se tornara enorme e barulhenta. O vazio que tanto a atormentava tinha uma razão de existir. Queria que fosse outra razão, porém não era. Sua mãe que tanto ela amava, que tanto ela queria que a amasse, tinha muita dificuldade de aceita-la daquele jeito, meio escandaloso, alegre, criativa, sem censura madura.Até aquele momento não conhecia o significado da palavra abandono. Daquele momento em diante passou a conhecê-lo. Sentia dores no corpo. Era a marca do abandono. Ele não podia ser esquecido, estava tatuado na epiderme da filha. Noite e dia começavam e terminavam e ela, filha, insistia em sobreviver dentro das constantes criticas e abandonos que sempre insistiam em ser reavivados. O vazio em que o abandono encontrara na filha era um poço fundo entre suas costelas onde se sente o coração. Este acelerava toda vez que percebia que ela, a filha, se debruçava na janela. O coração não via as grades, ele só sentia o desespero da dor. Até que, em um domingo ensolarado, a filha , partiu. E ela, a mãe, nunca mais ouviu falar nela, a filha. Afogou-se no mar, enquanto tentava ser abraçada uma única só vez, pelo menos, pelo mar.

06 setembro, 2004

Refúgio

Nestas horas de profundo descrédito no ser humano (alguém já disse que a única saída para a pessoa decente é o suicídio, foi Malraux?), onde, através da violência e exclusão, procura-se garantir seus direitos sobre os de outro, um refúgio sempre é a poesia, no caso Walt Whitman:

"All you continentals of Asia, Africa, Europe, Australia, indifferent of place!
All you on the numberless islands od the archipelagoes of the sea"
All you of centuries hence when you listen to me!!
And you each and everywhere whom I specify not, but include just the same!
Health to you! good will to you all, from me and America sent!

Each of us inevitable,
Each of us limitless -each of us with his or her right upon the earth,
Each of us allowed the eternal purports of the earth,
Each of us here as divinely as any here."

....
É isso, cada um tão divino como qualquer outro!!


Retorno, o retorno

Hoje, 6/9/04, véspera de feriado. Há saída para o ser humano? Qual o limite da crueldade humana, da indiferença para com o sofrimento de outros, quando miramos apenas nossos objetivos? Não dá para entender o que foi feito na escola russa, é de tirar o sono, de se questionar se não vale a pena deixar tudo como está, estabelecer muros, defesas, contra-ataques, a fim de que tanta crueldade não nos contamine! Pior, não deixar que nossa crueldade aflore!!!Porque é difícil não desejar o mal,uma vingança, uma lei de Talião aplicada "ao instante" nestas pessoas!!Pessoas!!!
É preciso que haja uma reação, antes que este mundo seja transformado em "um mar variável, onde todo temor abunda" (Mariot, Complainte 1er).

05 setembro, 2004

Retorno

Depois de mais de um mês, encontro tempo para escrever novamente!
Depois das Olimpíadas, esta overdose de esportes que deixa todo um país devendo bilhões de dólares (ver reportagem nO Globo sobre a situação financeira da cidade, com reflexos em todo o país, mas ainda assim estão contentes, os panglossianos!!!), depois da operação no joelho do Alberto (parece-me eu foi tudo bem, ainda estamos na fase da fisioterapia, vamos ver), depois de muita coisa, fico pensando se vale mesmo a pena ficar escrevendo em blogs, fotoblogs, essas coisas.

Neste tempo, li COLM TOIBIN(irlandês, premiadíssimo ano passado): AMOR EM TEMPOS SOMBRIOS e A LUZ DO FAROL. O livro AMOR... é sobre a influência que a homossexualidade do autor exerceu/exerce em sua obra. Alguma coisa interessante, já que o livro é composto de artigos escritos parauma revista. Os artigos sobre Francis Bacon, Roger Casement (corram para a Amazon!!!), Tom Gunn (corram para a Amazon!! Corram para a Powell Books!!)são muito legais. Já A LUZ DO FAROL é apenas mais um livro em que um doente de AIDS serve de contraponto para as relações conturbadas, familiares e sociais, do narrador. A redenção final, aparentemente tão necessária neste tipo de livro, chega a "juntar abelhas" no livro, de tão melosa!!!! Mas não dá para negar que ele tem algumas sacadas geniais.

Alguém que está lendo isto sabe alguma coisa de irlandês ou gaélico (são a mesma coisa? Dois ramos da mesma língua??)De onde saíram aqueles nomes longos e impronunciáveis?

A partir de amanhã, dia 6/9/04, volto a escrever com mais freqüência.